terça-feira, 11 de março de 2008

Alegrete não investe no visual de seus produtos!


Segundo pesquisa do Núcleo de Estudos da Embalagem da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), as empresas brasileiras ainda aproveitam muito pouco do design da embalagem por falta de metodologia e gestão especializada, ou seja, apesar de ser reconhecida como um componente fundamental para o sucesso dos produtos de consumo, a embalagem ainda não recebe por parte da grande maioria das empresas brasileiras um tratamento condizente com sua importância.
As poucas empresas de Alegrete não fogem a “triste” constatação da pesquisa. Talvez a CAAL seja a empresa que mais investe em design de embalagem em Alegrete, entretanto, ainda de forma muito tímida (pelo menos comparado com o que poderia investir!).
De acordo com o designer gráfico Fábio Mestriner, um dos mais importantes especialistas brasileiros em design de embalagem, os profissionais que atuam nesta área, apesar de terem boa formação, não são chamados a participar das formulações estratégicas e da gestão de marketing dos produtos. Com isso, constatamos que as empresas brasileiras estão deixando de aproveitar o enorme potencial representado pelas embalagens e explorando de forma muito pobre suas muitas possibilidades.
Utilizar este importante recurso de competitividade é o desafio para uma nova geração de profissionais que enxergam a embalagem com uma nova visão e estão dispostos a explorar suas possibilidades em favor de uma maior participação dela no esforço de Marketing das empresas.
A CAAL possui produtos ditos de “marca própria” como arroz, feijão, pães, charque etc. Numa análise rápida, percebe-se que sua identidade visual não está seguindo um padrão específico, o que atrapalha na fixação de sua marca na “mente” de seus consumidores. Para uma empresa que está classificada na 104ª posição do ranking da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) de 2006, ocupando no Estado a 19ª posição entre as 120 maiores empresas de supermercados no ranking da Agas (Associação Gaúcha de Supermercados) e figurando entre as 10 maiores em faturamento por metro quadrado, no estado do RS, segundo dados divulgados por ela mesma, a CAAL poderia muito bem ter um planejamento das suas marcas próprias mais agressivo. Há algum tempo ela vendeu uma de suas mais importantes “marcas”, o arroz “Namorado”, foi um dos melhores exemplos alegretenses de criação e venda de uma marca.
Partindo deste contexto, fico pensando em quantos produtos esta empresa poderia explorar em seus supermercados, utilizando-se das ditas marcas próprias. A CAAL talvez seja a empresa mais alegretense de todas, pois é uma cooperativa onde várias famílias de Alegrete estão economicamente ligadas direta ou indiretamente. Quantos produtos poderiam ser embalados com a marca desta cooperativa ou derivados dela. Quantos produtos poderiam ser exportados para outros municípios e que poderiam levar o nome da empresa e, consecutivamente, de Alegrete para outros rincões. Acredito que está na hora de Alegrete ousar mais. De o município buscar seu espaço no mercado por meio de suas empresas e de seus produtos. De seus produtos vistos de maneira mais profissional, diferentemente do que eles são hoje...
E a CAAL poderia ser a empresa locomotiva disto tudo!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Células-Tronco: ciência X religião!


Em algumas semanas o Superior Tribunal Federal deverá votar a Lei que autoriza a pesquisa com Células-Tronco Embrionárias. Vejamos o que dizem as diversas leis criadas pelo mundo sobre o assunto:
África do Sul - Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica. É o único país africano com legislação a respeito.
Alemanha - Permite a pesquisa com linhagens de células-tronco existentes e sua importação, mas proíbe a destruição de embriões.
Brasil - Permite a utilização de células-tronco produzidas a partir de embriões humanos para fins de pesquisa e terapia, desde que sejam embriões inviáveis ou estejam congelados há mais de três anos. Em todos os casos, é necessário o consentimento dos pais. A comercialização do material biológico é crime.
China - Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica.
Cingapura - Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica.
Coréia do Sul - Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica.
Estados Unidos - Proíbe a aplicação de verbas do governo federal a qualquer pesquisa envolvendo embriões humanos – a exceção é feita para 19 linhagens de células-tronco derivadas antes da aprovação da lei norte-americana. Mas estados como a Califórnia permitem e patrocinam esse tipo de pesquisa - inclusive a clonagem terapêutica.
França - Não tem legislação específica, mas permite a pesquisa com linhagens existentes de células-tronco embrionárias e com embriões de descarte.
Índia - Proíbe a clonagem terapêutica, mas permite as outras pesquisas.
Israel - Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica.
Itália - Proíbe totalmente qualquer tipo de pesquisa com células-tronco embrionárias humanas e sua importação.
Japão - Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica. Mas a burocracia para obtenção de licença de pesquisa é tão grande que limita o número de pesquisas.
México - Único país latino-americano além do Brasil que possui lei permitindo o uso de embriões. A lei mexicana é mais liberal que a brasileira, já que permite a criação de embriões para pesquisa.
Reino Unido - Tem uma das legislações mais liberais do mundo e permite a clonagem terapêutica.
Rússia - Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica.
Turquia - Permite pesquisas e uso de embriões de descarte, mas proíbe a clonagem terapêutica (como o Brasil).

Fonte: Wikipedia e BBC

sexta-feira, 7 de março de 2008




Designer: por que a profissão deve ser regulamentada?
Assunto interessa a empresários, consumidores e ao poder público.
Mais de 60 mil profissionais continuam sem um instrumento de legitimação e reconhecimento, que é a regulamentação dos designers.
Desde 1980 foram submetidos cinco projetos de regulamentação ao Congresso, todos arquivados.

Interessa aos empresários
O design é uma atividade de alto risco, mas com fiscalização (criada com a regulamentação) pode garantir o melhor de um profissional reduzindo o risco ao mínimo necessário em termos de investimento. A regulamentação vai combater a má conduta profissional.

Interessa ao consumidor
Tudo o que é produzido e tem contato com o público precisa de um responsável. Sem ser regulamentado o designer não pode ser tecnicamente responsável pelo que produz. Pelo Código do Consumidor, hoje o designer não pode ser responsabilizado pelo seu projeto, mesmo que este tenha defeitos ou ocasione danos ao seu usuário.

Interessa ao poder público
Sem registro profissional pra designers, o poder público não pode “comprar design” por meio de licitação ou concorrência, seja para projetos de identidade visual, de mobiliário, de um website e outros de interesse da sociedade.A produção de bens com design é um fator estratégico. Produtos com valor agregado significam maior arrecadação e a conquista de mercados externos. Isso já foi reconhecido pelos paises emergentes que concorrem com o Brasil nos mercados internacionais.

autor: Marcos Nährfonte: [Webinsider]

quarta-feira, 5 de março de 2008

Preservar ou Destruir?

Casario antigo de Alegrete ameaçado pelo "crescimento" da cidade.
Quando, em 1931, ocorreu a primeira conferência internacional para a conservação dos monumentos históricos, em Atenas, capital da Grécia, reunindo países da Europa, começava a nascer neste encontro uma consciência mundial para a preservação arquitetônica. Por fim, em 1979, na última conferência, 24 países dos cinco continentes participaram do estabelecimento do conceito de um patrimônio mundial. Desde os primórdios, estabelecia-se a tensão entre, de um lado, os arquitetos que criticam a conservação intransigente, pois almejam marcar o espaço com novas construções; de outro lado, os defensores da proteção das características da cidade contra as marcas trazidas pelo criticado “progresso urbano”. Um terceiro grupo, os proprietários dos imóveis tombados, passou a reivindicar o direito de dispor de seus bens para proveito próprio.
Recentemente, em Alegrete, o assunto começou a tomar corpo, depois da demolição de uma das casas antigas da Rua dos Andradas, para a construção de uma nova loja de utilidades domésticas.
Foi lançada uma “comunidade” no mais famoso site de relacionamento no Brasil, o Orkut. Márcio Faraco, músico, radicado na França, pertencente a uma das mais tradicionais famílias de Alegrete e que é ou foi dona de casas antigas da cidade, demonstra publicamente seu desacordo com o rumo da destruição desses prédios históricos e criou a comunidade “Fachadas do Alegrete Urgente”. O assunto mereceu também um tópico no fórum da comunidade “Alegrete” do Orkut, que acabou gerando um debate acalorado, onde uma parte prefere que as casas antigas sejam demolidas para dar lugar a prédios mais novos; e outra, que defende a preservação, pois acredita que é uma fonte de renda e turismo para a cidade.
Em termos de Brasil, há cidades enfrentando diferentes conflitos em relação a seus centros; experiências são apontadas como bem sucedidas, como a região central de Curitiba, a do Pelourinho em Salvador e, até mesmo, a restauração dos bairros do Recife antigo, onde o comércio e bares que os prédios restaurados (ou reformados) passam a abrigar bares que funcionam também como atração para turistas.
Obviamente, Alegrete não tem um sítio urbano histórico destas dimensões, entretanto tem uma grande importância histórica. O assunto merece ser debatido pela comunidade e pelos poderes constituídos ligados ao assunto.
De acordo com Lilia Ricciardi, arquiteta e integrante do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, vinculado à Secretaria Municipal de Educação, criado em 1982, existe muita dificuldade em se dar andamento aos trabalhos de preservação dos prédios históricos de Alegrete, por vários motivos, desde verba até delegação de poderes.
“O conselho não é remunerado e nele não há nada de política partidária. É um conselho que tem representantes de vários seguimentos da sociedade preocupados, apenas, em preservar prédios que tenham valor histórico. É muita gente, só que, quando marcam uma reunião, comparecem 3 ou 4 membros. Boa vontade existe, mas, na hora de colocar a mão na massa, fica complicado, pois todos têm outras ocupações, como é o meu caso.” desabafa a arquiteta.
Ricciardi explica que, quando um prédio é tombado, o único incentivo que o proprietário recebe é a isenção do IPTU, o que corresponde, a mais ou menos, R$ 400,00 por ano.
“Na nossa lista, existem várias casas em processo de tombamento, como o Quiosque, Prefeitura Municipal, Câmara de Vereadores, Museu Oswaldo Aranha (do município); entre as particulares, entram os palacetes da Praça Getúlio Vargas, a casa dos Quinteiros - perto do supermercado Nacional.”, informa.
Para Márcio Faraco, a decepção é enorme. “Criei aquela comunidade das fachadas (Orkut), movido pela decepção. A cidade que deixei há alguns anos era muito mais bonita do que essa que encontrei em dezembro último.”
Para Osório Nunes Junior, 40 anos, agrônomo e participante do polêmico fórum, Alegrete pode conviver plenamente com o novo e o velho. Não há necessidade de destruição do velho para a criação do novo. “Somos muito imediatistas e estamos nos tornando perigosamente práticos. Abrimos mão até dos nossos familiares que vão envelhecendo, por darem um certo trabalho e ocuparem nosso tempo, pensamos deste mesmo jeito com relação ao Patrimônio Histórico.” argumenta. Já há alguns anos fora da cidade, o agrônomo revela que conhece muitas pessoas que conhecem Alegrete mais pelo seu passado do que pelo seu presente.
Marcelo Leães, 25 anos, desempregado, pondera que se é para gerar empregos para a cidade, que está economicamente em dificuldades, é válida a demolição de uma parcela destas casas, observando, é claro, sua importância.”Uma loja que amplia sua estrutura, vende mais, emprega mais diretamente e também emprega mais indiretamente. Ganha o vendedor, ganha o encanador, ganha o pedreiro, ganha o cara que faz fretes com seu caminhão, assim por diante.”, explica.


PROGRAMAÇÃO VISUAL
A preocupação de uma parcela dos alegretenses não se resume somente na preservação contra a demolição destas casas, vai além. Muitos se questionam das mudanças nas fachadas destas casas antigas, como instalação de marquises ou pintura com cores “berrantes” que descaracterizam a construção antiga.
Como conciliar o comércio local, cada vez mais competitivo, com a preservação original destas fachadas? Como um comerciante pode receber incentivo e orientação para não alterar de maneira drástica estas fachadas? Questões como estas devem ser respondidas num amplo debate entre comunidade, Prefeitura (através do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico), Câmara de Vereadores, CREA, Sindicato do Comércio e especialistas.
Alegrete precisa progredir, gerar emprego e renda, urgentemente. Alegrete precisa preservar seu passado histórico. A cidade deve voltar seus olhos às moradias históricas sem deixar de observar a dificuldade de habitação da maioria da população local.
O debate foi lançado; agora, cabe aos alegretenses decidirem que rumo tomar em relação ao tema e que atitudes ou soluções devem ser tomadas pelos poderes constituídos para salvar ou não esses prédios e suas fachadas.


Matéria publicada na Revista CENTOe5, de fevereiro de 2008.

Um olhar diferente sobre Alegrete

Certa vez me disseram que o alegretense é bairrista, entretanto quando se trata de atrair turistas - "dá um tiro no próprio pé" - ele faz propaganda de outras cidades do RS, mas não da própria. Diz que o Estado é o melhor para se viver no Brasil, mas não inclui a sua própria cidade! Sugere ao turista visitar Canela, Gramado, Torres, Garibaldi, Caxias do Sul, a capital ou até lugares mais remotos, mas não Alegrete! Diz que não temos belezas visuais tão aparentes como nessas outras cidades... Realmente, observando a cidade por esse prisma, é inegável somos pobres em atrativos visuais, mesmo que, em alguns lugares do interior do município, existam verdadeiros paraísos!
Todavia, partindo da idéia de que cada um de nós vive em um mundo simbólico, traduzível em imagens, e todos usamos o processo de simbolização para pensar a cerca do mundo físico ao nosso redor e elaborá-lo de alguma maneira, pode-se presumir que, se mostrarmos Alegrete de jeito diferente, podemos mudar esse paradigma local.
Quero dizer com isto que devemos mostrar Alegrete de outra maneira, de uma maneira mais profissional, mais inteligente.
Todos os anos, vem à tona, a velha, mas necessária discussão, sobre o desfile de 20 de setembro em nossa cidade. Em minha opinião temos um desfile, que alguns se ufanam por reunir o maior número de cavalarianos no mundo, mas que, infelizmente, é, em seu aspecto visual, de gosto duvidoso e um tanto pobre.
Por conseqüência disto, os turistas não são atraídos a Alegrete como deveriam. Penso que da maneira como ele é realizado não ajuda muito no desenvolvimento turístico e, conseqüentemente, econômico de Alegrete. Concordo na mudança ocorrida nos últimos anos no que tange à tematização do desfile no Estado e que, infelizmente, não foi levado a cabo em nossa cidade. Pois, acredito que se houvesse um planejamento que primasse, principalmente, pela qualidade estética do desfile como ocorre, por exemplo, na Festa da Uva em Caxias do Sul, estaríamos mostrando que vale a pena visitar Alegrete na Semana Farroupilha e que vale a pena empresas de fora investirem no evento.
Em Caxias do Sul, o “Corso Alegórico”, admirado por muitas pessoas, começou a ser realizado na segunda edição da Festa de Uva, em 1932. As “carretas alegóricas”, ainda puxadas por bois, retratavam a vida e os costumes das pessoas da região, herança deixada pelos imigrantes italianos. Atualmente, mais moderno o desfile, com carros motorizados, não deixou de abordar os costumes desses imigrantes atraindo milhares de turistas à cidade de Caxias do Sul. Atrai turistas porque o desfile é realmente bem feito, bem organizado e tem beleza estética.
O desfile de 20 de setembro de Alegrete é muito pobre visualmente e não tem uma estrutura narrativa e cronológica que conte eficientemente os principais fatos históricos da vida dos gaúchos e da história de Alegrete, que é riquíssima, ou seja, todo ano é a mesma repetição. Quem viu um desfile, viu todos!
Muitos “credenciados” a falar sobre tradicionalismo questionam a importância de se agregar valor visual e narrativo ao desfile denominando esse processo de melhora do desfile de “carnavalização”. Entretanto acredito que não é “carnavalização”, mas sim, evolução.
Lembremo-nos que nossa tradição é emprestada de vários outros povos que tiveram várias outras tradições, ou seja, nenhuma tradição é eterna! Tradição não quer dizer necessariamente ficarmos olhando só o passado, imutavelmente, pois nós também seremos o “passado” para as gerações futuras. Então devemos mostrar que temos humildade em aceitar inovações e a mente aberta para olhar o futuro e tentar melhorar o que já foi feito pelos nossos antepassados.
Nossa cidade a cada ano empobrece mais e muitos alegretenses vão embora, é fato que nossa população está diminuindo rapidamente, e continuamos com os mesmos velhos costumes.
Afinal, nunca aprenderemos com nossos erros?